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quinta-feira, 6 de março de 2008

Bureau D'Art & Pequisa de Arte

BUREAU D'ART - Ana Felix Deva Garjan
Pesquisa em Arte & Galeria de Arte



O Museu do Louvre é o mais importante do Mundo

Les Demoiselles D'Avignon
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ESTUDOS SOBRE ARTE – ARTES VISUAIS

Autora Ana Felix Garjan

ENTENDENDO A ARTE

Parte 1 - Conceitos, importância e funções da arte

O mundo da arte é concreto e vivo podendo ser observado, compreendido e apreciado. Através da experiência artística o ser humano desenvolve sua imaginação e criação aprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenças e sabendo modificar sua realidade. A arte dá e encontra forma e significado como instrumento de vida na busca do entendimento de quem somos, onde estamos e o que fazemos no mundo.

 Pensando sobre o tema
- Você já viu alguma imagem e ficou na dúvida se ela era ou não uma obra de arte? Quais foram as imagens?
- Como você faria para distinguir a imagem de um cartaz de filme de cinema de uma tela pintada como sendo arte?
- Você sabe o que é arte e para quê ela serve?

 Conhecendo mais sobre o tema

Para podermos responder a essas perguntas devemos, antes de mais nada, saber que a arte é conhecimento. A arte é uma das primeiras manifestações da humanidade como forma de o ser humano marcar sua presença criando objetos e formas (pintura nas cavernas, templos religiosos, roupas, quadros, filmes etc) que representam sua vivência no mundo, comunicando e expressando suas idéias, sentimentos e sensações para os outros.
Desta maneira, quando o ser humano faz arte, ele cria um objeto artístico que não precisa nos mostrar exatamente como as coisas são no mundo natural ou vivido e sim, como as coisas podem ser, de acordo com a sua visão. A função da arte e o seu valor, portanto, não estão no retrato fiel da realidade, mas sim, na representação simbólica do mundo humano. Para existir a arte são precisos três elementos: o artista, o observador e a obra de arte.

O primeiro elemento é o artista, aquele que cria a obra, partindo do seu conhecimento concreto, abstrato e individual transmitindo e expressando suas idéias, sentimentos, emoções em um objeto artístico (pintura, escultura, desenho etc) que simbolize esses conceitos. Para criar a obra o artista necessita conhecer e experimentar os materiais com que trabalha, quais as técnicas que melhor se encaixam à sua proposta de arte e como expor seu conhecimento de maneira formal no objeto artístico.

O outro elemento é o observador, que faz parte do público que tem o contato com a obra, partindo num caminho inverso ao do artista – observa a obra para chegar ao conhecimento de mundo que ela contém. Para isso o observador precisa de sensibilidade, disponibilidade para entendê-la e algum conhecimento de história e história da arte, assim poderá entender o contexto em que a obra foi produzida e fazer relação com o seu próprio contexto.

Por fim, a obra de arte ou o objeto artístico, faz parte de todo o processo, indo da criação do artista até o entendimento e apreciação do observador. A obra de arte guarda um fim em si mesma, sem precisar de um complemento ou “tradução” desde que isso não faça parte da proposta do artista.


 Interagindo com a arte

1) Qual seria o seu conceito sobre a arte e qual seria sua função na sociedade?
2) Pesquise o que significam as seguintes palavras que aparecem no texto:
a) Contexto b) Abstrato c) Simbólico
3) Selecione em revistas diversas uma imagem que você considera como tendo qualidade artística e outra que não tenha qualidade artística. Em seguida tente enumerar quais as características dessas imagens que levaram você a diferenciá-las dessa forma.

 Pensando sobre o tema

- Observe e analise as imagens de acordo com os questionamentos:
- Quais dessas imagens você consideraria como sendo obra de arte?
- Quais são as características das imagens que levam você a considerar isso?
- Elas são parecidas entre si e são da mesma época?

 Conhecendo mais sobre o tema

Dentre os possíveis e variados conceitos que a arte pode ter podemos sintetizá-los do seguinte modo – a arte é uma experiência humana de conhecimento estético que transmite e expressa idéias e emoções na forma de um objeto artístico (desenho, pintura, escultura, arquitetura etc) e que possui em si o seu próprio valor. Assim, para apreciarmos a arte é necessário aprender sobre ela. Aprender a observar, a analisar, a refletir, a criticar e a emitir opiniões fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e modos diferentes de fazer arte.

Uma tela pintada na Europa no séc. XIX pode não ter o mesmo valor artístico para uma comunidade indígena ou para uma sociedade africana que conservem seus valores e tradições originais. Por quê isso pode acontecer se a arte é universal? Para esses grupos étnicos os significados da arte como a entendemos podem não ser os mesmos por não pertencerem ao contexto em que eles vivem. Cada sociedade possui seus próprios valores morais, religiosos, artísticos entre outros. Isso forma o que chamamos de cultura de um povo. Mas uma cultura não fica isolada e sofre influências de outras, portanto, nenhuma cultura é estática e sim dinâmica e mutável. A arte, ao longo dos tempos, tem se manifestado de modos e finalidades diversas. Na Antiguidade, em diferentes lugares a arte era vislumbrada em manifestações e formas variadas – na Grécia, no Egito, na Índia, na Mesopotâmia...

Cada sociedade vê a arte de um modo diferente, segundo a sua função. Nas sociedades indígenas e africanas originais a arte não era separada do convívio do dia-a-dia, mas presente nas vestimentas, nas pinturas, nos artefatos, na relação com o natural e o sobrenatural, onde cada membro da comunidade podia exercer uma função artística. Somente no séc. XX a arte foi reconhecida e valorizada por si, como objeto que possibilita uma experiência de conhecimento estético.

 Interagindo com a arte

1) Discuta com seus colegas o que quer dizer a frase: “a arte é uma experiência de conhecimento estético e possui em si o seu próprio valor”.
2) Pesquise o que significam as seguintes palavras que aparecem no texto:
a) Estética b) Etnia c) Cultura

 Pensando sobre o tema

- Quando você observa imagens de um modo geral procura entendê-la? Para quê serve a imagem e com que finalidade ela foi criada?

 Conhecendo mais sobre o tema

Ao longo da história da arte podemos distinguir três funções principais para a arte – a pragmática ou utilitária, a naturalista e a formalista.

 Função pragmática ou utilitária: a arte serve como meio para se alcançar um fim não-artístico, não sendo valorizada por si mesma, mas pela sua finalidade. Segundo este ponto de vista a arte pode estar a serviço para finalidades pedagógicas, religiosas, políticas ou sociais. Não interessa aqui se a obra tem ou não qualidade estética, mas se a obra cumpre seu papel moral de atingir a finalidade a que ela se prestou.

 Função naturalista: o que interessa é a representação da realidade ou da imaginação o mais natural possível para que o conteúdo possa ser identificado e compreendido pelo observador. A obra de arte naturalista mostra uma realidade que está fora dela retratando objetos, pessoas ou lugares. Para a função naturalista o que importa é a correta representação (perfeição da técnica) para que possamos reconhecer a imagem retratada; a qualidade de representar o assunto por inteiro; e o vigor, isto é, o poder de transmitir de maneira convincente o assunto para o observador.

 Função formalista: atribui maior qualidade na forma de apresentação da obra preocupando-se com seus significados e motivos estéticos. A função formalista trabalha com os princípios que determinam a organização da imagem – os elementos e a composição da imagem. Com o formalismo nas obras, o estudo e entendimento da arte passaram a ter um caráter menos ligado às duas funções anteriores importando-se mais em transmitir e expressar idéias e emoções através de objetos artísticos. Foi só a partir do séc. XX que a função formalista predominou nas produções artísticas através da arte moderna, com novas propostas de criação. O conceito de arte que temos hoje em dia é derivado desta função.

 Para saber mais

Arte Figurativa ou Figurativismo: é aquela que retrata e expressa a figura de um lugar, objeto, pessoa ou situação de forma que possa ser identificado, reconhecido. Abrange desde a figuração realista (parecida com o real) até a estilizada (sem traços individualizadores). O figurativismo segue regras e padrões de representação da imagem retratada.

Arte Abstrata ou Abstracionismo: termo genérico utilizado para classificar toda forma de arte que se utiliza somente de formas, cores ou texturas, sem retratar nenhuma figura, rompendo com a figuração, com a representação naturalista da realidade. Podemos classificar o abstracionismo em duas tendências básicas: a geométrica e a informal.

 Interagindo com a arte

1) Pesquise em revistas, livros e outras fontes imagens que você classificaria como pertencentes às funções utilitária, naturalista e formalista. Descreva as características das imagens e por quê você as classificou nessas categorias.

Parte 2 – Arte nas imagens do cotidiano

 Pensando sobre o tema
- Onde e como você vê a arte no seu dia-a-dia?
- Quais são as características formais e quais significados as imagens que você considera arte transmitem para você?
- O que leva você a entender estas imagens como sendo arte?

 Ampliando os conhecimentos
Uma imagem guarda uma semelhança com algo, representando aquilo que o nosso sentido da visão pode captar, aquilo que podemos ver, ou que nossa imaginação pode criar. O reflexo de nosso rosto na água é uma imagem que a natureza se encarregou de criar.

O ser humano, ao longo de seu desenvolvimento, tem procurado encontrar formas de registrar essa imaginação ou realidade captada, através de pinturas, desenhos, esculturas, gravuras ou filmes, ou seja, através de representações imagéticas – imagens carregadas de significados organizados ou não de maneira consciente – com valores artísticos.

Os significados e intenções na criação variam de acordo com o período, lugar e pessoas. Desde tempos remotos, o ser humano já procurava fazer representações imagéticas nas paredes das cavernas. Essas imagens podiam ter finalidades místicas e de sobrevivência. Na Idade Média, as imagens das obras de arte possuíam um cunho educativo a serviço da religião. Já no Renascimento as imagens artísticas procuravam elevar a condição do ser humano a um nível maior. No Romantismo e Modernismo, as obras de arte possuíam fins diversos, como protestos e denúncias dos problemas políticos e sociais.

Na atualidade existem várias maneiras de se representar a realidade ou a imaginação. Hoje em dia, além das formas tradicionais (desenho, pintura, escultura, gravura, arquitetura), existe o cinema, a televisão, o computador e a Internet. Através dessas novas tecnologias surgiram também várias manifestações artísticas que são produzidas basicamente utilizando-se das suas possibilidades e inovações.
Através da TV encontramos várias manifestações de produções artísticas, como, por exemplo, telenovelas, seriados, filmes ou desenhos animados. Estes ligados diretamente às artes cênicas, porém utilizando mecanismo de representação imagética das artes visuais, como o vídeo. Nesse caso, são linguagens artísticas que se fundem, se unem. Podemos denominar essa linguagem artística como “audiovisual” – união de som e de imagem.

Outras manifestações com elementos artísticos que estão presentes nas imagens do nosso cotidiano são as publicações gráficas como os jornais, as revistas, os livros, os outdoors, os panfletos, entre outras. Nessas publicações encontramos várias formas de representação, que vão desde o desenho até a fotografia.Nos jornais, por exemplo, nos divertimos freqüentemente com as tiras de histórias em quadrinhos, os cartuns e as charges políticas. Em contrapartida, também podemos nos chocar vendo imagens com cenas de violência, captadas com precisão pela câmera do fotógrafo. Nas revistas utiliza-se dessas mesmas imagens, porém, com um pouco mais de sofisticação, elaborando o visual da página junto com texto, fotografias e gráficos para que se torne mais interessante ao leitor. A próprias histórias em quadrinhos (também conhecidas por HQ’s), que inicialmente surgiram para entreter os leitores de antigos jornais norte-americanos, alcançaram um nível artístico elevado, em que artistas fazem uso de sua linguagem para expressarem suas criações.

 Ampliando os conhecimentos
Você já reparou que as roupas variam de acordo com várias situações: o ambiente, a época, o nível social, o poder de aquisição, o grupo cultural, os lugares... Esta variação nos gostos, estilos e modos de se vestir possui um nome: moda. Geralmente atribuímos a moda a algo fútil, sem conteúdo e passageiro, que se preocupa apenas com a beleza exterior do “modelo”. De certa maneira isto tem um sentido. Contudo, também podemos pensar na moda como um registro de impressões e características de grupos humanos que convivem socialmente e que procuram transmitir e expressar, pelas suas vestimentas, elementos artísticos no cotidiano.

O homem pré-histórico tinha uma moda ou um modo de vestir para atrair a caça, para vencer uma guerra ou para cultuar os mortos, o homem moderno se veste de jeito diferente para seduzir, para fechar um negócio ou para passear. Estar na moda é incorporar os símbolos de determinado grupo social. É como afirmar aos outros, através das roupas, que você está bem informado sobre o que se passa no mundo. Em qualquer que seja a época a moda está relacionada com o conceito de status, o nível social a que pertence a pessoa.

Desde a Grécia antiga, que só permitia às classes superiores a usarem roupas tingidas com corantes, passando pelas cortes dos monarcas europeus, com seus babados e perucas espalhafatosos até a moda pós-moderna dos dias atuais com fibras sintéticas e outros materiais com desenhos de estilistas famosos, que estão ao alcance de poucos consumidores, a moda funciona como instrumento de divisão social, sendo adorada e exaltada, contestada e criticada em todos os períodos da história.

A moda, tanto nas vestimentas quanto nos acessórios e peças de decoração, tem mostrado diferentes faces ao longo das épocas, funcionando como registro diário do convívio em sociedade, com suas diferenças de classe, de nível cultural, financeiro etc. O que devemos preservar e respeitar é a diversidade existente nas manifestações da moda pelo mundo, já que ela possui elementos artísticos que também devem se manter. As diversas formas de tecidos, cortes, peças de roupas e cores são usadas para identificar a que grupo uma pessoa pertence, não que isto resuma a personalidade dela, nem que seja motivo para excluí-la de outros grupos, mas como questão de atitude perante os demais.

Além da questão artística, cultural e social a moda também envolve o avanço tecnológico, como na fabricação de tecidos e fibras mais resistentes, com texturas inovadoras, leveza e praticidade no momento de usar, de origem orgânica/sintética.

 Interagindo com a arte

1) Analise o ambiente em que você vive e tente identificar imagens que podem possuir elementos artísticos. Tente reproduzir essas imagens e transmitir os significados que elas passam para você.
2) Pesquise com seus colegas quais são os tipos de vestimentas mais comuns e mais diferentes utilizadas pelas pessoas da sua comunidade. Identifique a origem daquelas vestimentas e que impressões elas passam para você.
3) Escolha, com seus colegas, uma das linguagens artísticas que aparecem no texto para observar e analisar em grupo: um filme, um desenho animado, uma história em quadrinhos, uma novela ou seriado.
4) Observe as imagens e explique o que elas transmitem e expressam para você. Qual destas imagens está mais próxima da sua realidade?
Parte 3 – A beleza, o feio e o gosto

 Pensando sobre o tema
O que você considera como belo? Um rosto feminino ou masculino? Um corpo saudável? Um pôr-do-sol na praia? Uma noite clara de lua cheia? Uma roupa da moda? Uma imagem de capa de revista?
- Observe as imagens e indique aquelas que você julga como sendo “belas” e escreva explicando os motivos que levaram você a esse julgamento.
- Reflita sobre as questões anteriores e compare com as opiniões de seus colegas.

 Ampliando os conhecimentos
Quando você sabe que algo possui beleza? Quando a imagem é agradável de ser vista, quando você sente uma emoção ao vê-la, quando você entende o que está vendo? Se você encontrou dificuldades para formular uma resposta, saiba que ela não é a mesma para todos. Alguns estudiosos de arte dizem que existe uma “beleza universal”, um “padrão de beleza” que mantém o mesmo valor para qualquer pessoa. Você concorda com esta afirmação? Assim como o conceito de arte, o conceito de beleza vem mudando de acordo com as épocas e os lugares, assumindo diferentes rostos e personalidades.

Você já deve ter ouvido a expressão “gosto não se discute”, que podemos entender como o que é belo para você pode não ser para outra pessoa, portanto não podemos julgar. Você já deve também ter ouvido a frase “a beleza está nos olhos de quem vê”, isto é, a beleza não está no objeto, pessoa ou paisagem que vemos, mas em no entendimento da pessoa que observa sobre o que é beleza. Você já conseguiu criar um conceito e entender o que é a beleza?

Como foi mencionado anteriormente, a arte é uma experiência de conhecimento estético de transmissão e expressão de idéias e sentimentos. Associamos a palavra estética à arte e também à beleza. A palavra estética vem do grego aisthesis e significa “faculdade de sentir”, “compreensão pelos sentidos”, “percepção totalizante”.

Quando observamos uma obra de arte ou uma imagem qualquer ela primeiro é sentida (percepção pelos sentidos), depois ela é analisada (interpretação simbólica do mundo) e, por fim, entendida (conhecimento intuitivo). Para apreciarmos algo “belo” não usamos imediatamente nossa razão, mas os sentimentos, nossa intuição, nossa imaginação. É assim que temos uma experiência estética com a obra de arte ou imagem.

O conceito de beleza teve várias modificações ao longo dos tempos. O que uma cultura pode considerar como feio outra cultura pode considerar como belo. São as diferenças nos contextos de espaço e tempo das variadas culturas e etnias existentes no planeta que tornam difícil uma conceituação para o que é belo.

A beleza pode ser algo objetivo, isto é, que pertence ao objeto, suas características físicas e de conteúdo; ou algo subjetivo, ou seja, que pertence ao sujeito, àquele que observa. Para os estudiosos de arte o belo, a beleza é uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir certo estado da nossa subjetividade, não havendo, portanto, uma idéia de belo nem regras para produzi-lo. Não existe a idéia de um único valor estético a partir do qual podemos julgar todas as obras de artes visuais. Cada objeto artístico estabelece seu tipo de beleza.

Quando falamos no belo associamos imediatamente a idéia do “feio”, o seu contrário. Assim como o belo o feio vem sido discutido ao longo das épocas e atualmente podemos destacar três modos de entender o que é “feio” dentro das artes visuais:

 quando a representação do assunto é “feia”, isto é, quando um tema escolhido é mal trabalhado e não transmite a proposta do criador;
 quando a forma de representação é “feia”, ou seja, quando o criador não tem conhecimento da técnica e dos materiais que escolheu para trabalhar e não consegue transmitir sua proposta; e
 quando o observador não possui o conhecimento ou sensibilidade para apreciar e entender a proposta do criador da obra.

Como podemos então julgar se uma obra é “feia”, quando podemos chamá-la de arte? A partir do séc. XIX, quando a arte deixa de ter puramente uma função utilitária e naturalista e passa a se preocupar mais com a forma da representação estética, ela passa a ser avaliada pela sua proposta e capacidade de falar ao sentimento. Assim, a arte passa a ser autêntica, deixa de ser uma cópia do real. Então, só haverá obras “feias” quando forem malfeitas, isto é, quando não corresponderem à proposta de criação do artista (por falta de conhecimento, técnica, etc). Se houver uma obra “feia”, não existe uma obra de arte.

O gosto é capacidade de julgarmos a beleza de uma obra entendendo-a e apreciando-a. O gosto pode ser subjetivo, mas ele parte da observação e experiência objetiva com a obra de arte. O que não devemos é criar pré-conceitos sobre determinadas obras antes de vivenciá-las esteticamente, ou seja, com sentimento. Para podermos adquirir o gosto devemos refiná-lo com informações, conhecimento e a experiência com obras de arte. Não devemos nos impedir de termos contato com o universo da arte, pois ele é muito rico e enriquecedor, através dele descobrimos o que o mundo pode ser e, também, o que nós podemos ser e conhecer.

 Interagindo com a arte
Discuta e compare em grupo as seguintes questões:
1) Quais são os padrões atuais de beleza feminina e masculina. Quais são as características de cada um e por quê são considerados “belos”?
2) Os diferentes grupos étnicos do Brasil são respeitados e valorizados quanto à sua variedade na sociedade?
3) O quanto os meios de comunicação (televisão, cinema, revistas) influenciam na formação do nosso gosto, em relação ao padrão de beleza humana?

Parte 4 – Arte erudita, arte popular e arte de massa

 Pensando sobre o tema
- Na sua cidade existem museus, galerias, teatros, cinemas ou bibliotecas? Você costuma freqüentá-los?
- Você acredita que estes lugares e seu conteúdo estão longe da sua realidade?
- Como você tem contato com as produções artísticas da sua localidade?
- Quais das imagens você identificaria como sendo arte popular, arte erudita e arte de massa?
- Baseado no que você conhece, saberia diferenciar o que á arte erudita, arte popular e arte de massa?

 Ampliando os conhecimentos
A arte erudita refere-se àquela produzida e apreciada pela elite de uma sociedade. Mas não necessariamente uma elite econômica, compreendida pelas pessoas ricas, e sim por uma pequena parcela, uma minoria de pessoas que conhecem vários estilos artísticos e que são bem informadas, ou seja, a elite cultural. Os artistas eruditos são reconhecidos por grande parte da população, possuem estudos refinados de diversas técnicas, materiais, estudos e de história da arte. Geralmente esses artistas são homenageados postumamente com seu nome na História cultural de um povo, como é o caso de Giotto, Botticelli, Da Vinci, Michelangelo, Dalli, Picasso, Portinari, Di Cavalcanti, Lígia Clark entre outros.
A arte erudita é facilmente encontrada em grandes museus e galerias e possuem um valor artístico e qualidade estética incontestável pelos críticos e pelos apreciadores mais exigentes.

A arte erudita caracteriza-se por:
apresentar esforço para captar o significado da existência humana;
 instigar o público apreciador a mudar sua visão de mundo;
 envolver o desenvolvimento dos códigos artísticos;
 abarcar a expressão individual do artista.

 Ampliando os conhecimentos

No outro extremo encontra-se a arte popular, ou seja, aquela feita pelo povo e para o povo. O artista popular mantém raízes com a comunidade que faz parte sendo grandemente influenciado na sua criação pelos seus motivos e significados simbólicos e estéticos. A arte popular faz referência a uma herança cultural das diferentes etnias que consistem um povo, como no caso do Brasil. Os temas da arte popular são dos mais variados desde a representação do sagrado e místico, como nas figuras de santos e ex-votos, passando por cenas do cotidiano, como nas estatuetas de cerâmica ou madeira, até nas indumentárias e artefatos de festas folclóricas, como no Bumba-meu-boi, festa do Divino Espírito Santo ou Maracatu.

Dentro do estudo da arte, a arte popular tem sido encarada como a “prima pobre” da arte erudita, devido à sua origem junto a comunidades consideradas “sem instrução”. As manifestações da arte popular como o artesanato, a cerâmica em argila, as peças de madeira, as xilogravuras na literatura de cordel etc, têm sido consideradas com “artes menores” em relação à arte erudita e as pessoas que produzem esse tipo de arte não são reconhecidas como artistas e, sim, como artesãos. Esta diferenciação acontece, principalmente, pela maneira e intenção que a arte popular é produzida já que, na maioria das vezes, a pessoa que cria a arte popular aprendeu seu “ofício” com os pais ou outra pessoa mais experiente.

O que tem se discutido em arte é que a arte popular, assim como a arte erudita, tem seus valores estéticos próprios oriundos da maneira como é produzida, dos materiais e técnicas empregados e da intenção do criador. De fato, a arte popular é facilmente encontrada e comercializada nos centros das comunidades a que pertence sendo também exportada para os apreciadores da arte erudita.

Podemos afirmar então, que a arte popular é atribuída à produção estética de uma parte da população que não é formalmente intelectualizada, nem urbana, nem industrial. A arte popular possui como principais características:

 ser geralmente anônima, pois é resultado de várias colaborações que passam de geração em geração ao longo do tempo, geralmente feita oralmente;
 apresentar visão de mundo de um determinado grupo social, ou seja, o conteúdo da tradição cultural e folclórica expressa os sentimentos comuns de uma coletividade;
 desenvolver-se dentro de convenções tradicionais;
 ter como maior público apreciador pessoas de seu próprio grupo ou comunidade;
 resistir às influências dos modismos ditados pela elite dirigente.

A arte popular pode ser considerada o retrato de uma nação, pois guarda características peculiares e genuínas do povo que formou esse grupo durante anos. Muitas pessoas acreditam que esse tipo de arte é produto apenas de pessoas que vivem na zona rural ou de povos imigrantes. No entanto, grande parte da população que vive na zona urbana, de grandes cidades, é composta de pessoas que vieram do interior ou de outros países, incorporando à cidade manifestações de sua cultura.

 Para saber mais
Arte popular e o folclore: No Brasil a produção de arte popular é muito rica. Esse tipo de produção atrai a atenção de muitas pessoas, de modo especial os turistas. Em cada região do país existe um tipo de arte popular que se destaca, e por isso mesmo pode ser vista como uma peculiaridade dos costumes desse lugar, a característica cultural e folclórica desse povo. Essas manifestações artísticas populares compreendem além de artes visuais, a música, a dança, artes cênicas.

 Ampliando os conhecimentos

Algumas manifestações artísticas durante a história da arte possuíram e possuem alcance muito grande, ou seja, atingem a uma quantidade maior de pessoas, de diferentes classes sociais e culturais por isso são consideradas como arte popular e, ao mesmo tempo, arte de massa. O termo “arte de massa” - significando “ao alcance de todos e para todos” - é recente, surgido no século XX com o advento da fotografia, cinema e televisão, mas o seu conceito remonta à Antiguidade quando os faraós egípcios representavam sua autoridade política e religiosa ao povo na forma de pirâmides, templos e outras obras monumentais para serem observadas e entendidas por todos de uma só vez.

Portanto, a intenção da produção do objeto artístico era utilitária e buscava atingir à grande massa da população que, em geral, não tinha acesso às produções mais refinadas destinadas à elite dominante. O império romano fez muito uso da imagem como símbolo de poder na representação de estátuas dos imperadores para impressionar os povos dominados, a Igreja Católica fez uso das representações imagéticas do sagrado para assegurar e converter fiéis à sua fé cristã, já que na Idade Média, por exemplo, grande parte da população era analfabeta e a Bíblia impressa não existia.

Nos tempos modernos, com a evolução tecnológica dos meios de comunicação de massa – rádio, televisão, jornais, revistas e cinema – a arte pôde ser explorada no sentido de ampliar o público que pretende conhecê-la, entendê-la e apreciá-la. Contudo, mesmo com a arte ao alcance de quase todos, ela continua sendo produzida por uma minoria que forma uma elite cultural. A grande diferença entre “arte popular” e “arte de massa” seria sua origem, ou seja, quem as produz. As demais pessoas não adquirem conhecimentos suficientes para usufruir a arte de maneira plena em todos os seus sentidos.

A arte só é percebida e compreendida pela massa enquanto se mantém figurativa e guarda referências ao cotidiano e experiências mais imediatas e concretas das pessoas tornando difícil o acesso ao entendimento de manifestações artísticas mais complexas e sofisticadas como a arte abstrata. Por isso os filmes de cinema ou telenovelas com pouco conteúdo conceitual e argumentos simples são mais consumidos pela massa, salvas exceções que extrapolam o mercado comum e lançam propostas inovadoras em termos de história e visual. Podemos citar como características da arte de massa:

 ter um alcance abrangente;
 ser de rápida visualização e de fácil acesso;
 ser produzida por uma minoria cultural para entretenimento e apreciação de muitos;
 ser interpretada por vários pontos de vista diferentes em relação aos seus significados;
 poder se utilizar de todas as manifestações artísticas como as artes visuais, as artes cênicas, a dança e a música através dos meios audiovisuais;
 acompanhar tendências e mudanças contemporâneas que influenciam a sua criação;
 ser comercializada fazendo parte de um grande mercado consumidor.

Além das manifestações artísticas de massa já citadas existem também outras que fazem parte de grupos específicos dentro das massas como os grupos que produzem e consomem as histórias em quadrinhos, o grafite, o rap com influências estrangeiras ou os grupos que consomem uma música regional modificada pelo mercado como o forró ou brega. É importante salientarmos que outra característica da arte de massa é a apropriação de elementos tradicionais manipulados para atender ao consumo e, muitas vezes, deturpados e descaracterizados dos seus valores estéticos e qualidades artísticas originais. Nas produções televisivas, por exemplo, a qualidade dos programas já foi perdida há muito tempo em detrimento dos altos índices de audiência, por isso mesmo somos bombardeados diariamente com programas de auditório de baixíssimo nível, onde a vulgaridade é a principal atração.

 Interagindo com a arte
1) Selecione imagens que você acredita serem classificadas como arte erudita, arte popular e arte de massa. Em seguida faça uma comparação entre elas analisando suas características formais e de significados que transmitem para você.
2) Tente reproduzir com quaisquer técnicas e materiais que você escolher três trabalhos com características de arte erudita, arte popular e arte de massa.
3) Junte-se com seus colegas e façam uma pesquisa sobre quem são os produtores de arte da sua comunidade. Em seguida escrevam um relatório desta pesquisa e organizem uma exposição das obras destes artistas locais. Para que o relatório seja bem construído sigam as orientações do roteiro abaixo:

a) Quem é o artista?
- Qual o nome, idade e formação?
- Qual a localidade em que mora e em que trabalha?
- Qual é o nível social e cultural em que vive?
- Trabalha em outra área além da arte?
b) Quais são as obras do artista?
- Quais são os materiais e técnicas empregados pelo artista?
- Quais os trabalhos mais interessantes e significativos segundo o artista e o grupo que fez a pesquisa;
- Quais as propostas artísticas do artista quando cria suas obras?
- O que as obras transmitem e expressam para os observadores em geral?
c) Qual é a análise das obras do artista?
- Como o grupo classificaria as obras do artista segundo os conceitos estudados nesta unidade do livro?

Caso o grupo encontre outros aspectos que queiram explorar é recomendável que crie outras orientações no roteiro para redação do relatório.

O conteúdo deste texto é parte integrante do projeto do livro didático de Arte – Artes Visuais Volume I – de autoria da pesquisadora em arte, Ana Felix Garjan. Se você se interessou pela leitura e estudo deste material e tem críticas e contribuições a fazer, por favor envie-os para os e-mail: anafelixgarjan@gmail.com


ESTUDOS SOBRE ARTE – ARTES VISUAIS

Autora: Ana Felix Garjan

A LINGUAGEM VISUAL

Parte 5 – Comunicação e linguagem

Para garantir sua sobrevivência no mundo e preservar seus conhecimentos e memória, o ser humano necessita da comunicação através da linguagem oral e escrita. Veremos que a linguagem visual também tem grande importância no mundo humano.

 Pensando sobre o tema
- Observe as imagens de sinais de trânsito e placas na sua cidade e indique quais as que você consegue identificar o significado.
- Quais das imagens estão numa linguagem escrita e quais estão representadas por símbolos?
- Quais foram as imagens que você identificou e entendeu mais rapidamente? Por quê?
- Você sabe o que é comunicação e linguagem?

 Ampliando os conhecimentos
Algumas das características que determinam a condição humana são possuir inteligência, raciocínio, capacidade de simbolização e pensamento abstrato, se relacionar com o semelhante de maneira que o convívio social funcione como forma de garantir que o conhecimento adquirido hoje seja preservado e passado adiante para possíveis modificações e atualizações, levando à construção de diferentes culturas em diversos contextos históricos. Isto só existe devido à capacidade que o ser humano tem de se comunicar nos níveis pessoal, interpessoal e social.

Outros seres vivos também se comunicam, mas não em um nível de complexidade e nuances que o ser humano, nem preservam aquilo que é comunicado ou simbolizam significados concretos em idéias abstratas. A comunicação humana, enquanto perpetuação do conhecimento, é entendida como uma troca de informações (estímulos, imagens, símbolos, mensagens) possibilitada por um conjunto de regras explícitas ou implícitas, a que chamamos de código.

 Para saber mais
A comunicação existe basicamente para satisfazer a três necessidades primárias: para que alguém saiba algo, para que alguém faça algo ou para que alguém aceite algo.
Um dos modelos de entendimento do processo de comunicação baseia-se nos componentes emissor – mensagem – receptor
- Emissor: aquele que envia ou transmite uma idéia ou sentimento através de uma mensagem;
- Mensagem: o conteúdo da idéia ou sentimento do emissor;
- Receptor: aquele que recebe a mensagem, podendo enviá-la de volta ou a outros.

 Ampliando os conhecimentos
A linguagem funciona como a ordenadora dos símbolos da comunicação num contexto de espaço e tempo, através de acordos (convenções) estabelecidos por grupos humanos para transmitir determinados significados, organizando suas percepções, classificando e relacionando acontecimentos para que os símbolos guardem um mesmo sentido para todos que o empregam.

Talvez por isso tenha sido mais demorado para você identificar alguns dos símbolos mostrados anteriormente, por não fazerem parte da sua cultura local ou por serem de uma língua estrangeira que você não conhece. A língua que usamos no Brasil é o Português, oral e escrito, mas nem todos têm acesso devido ao alto índice de analfabetismo no nosso país. Se você estiver lendo este livro é por quê consegue entender um código (a Língua Portuguesa) que é comum à sua localidade. Este tipo de linguagem (Português, Inglês, Espanhol etc) chamamos de linguagem conceitual.
Mas além da linguagem conceitual (oral e escrita) existe também a linguagem visual. A linguagem visual é simbólica e funciona através de analogias e metáforas.

A linguagem visual é uma linguagem talvez mais limitada do que a falada, porém mais direta. Isto nos mostra que a transmissão de informações no modo visual tem um maior no impacto e efeito no observador, já que utilizamos maneiras mais objetivas através das mensagens visuais em seus diversos exemplos.

Ver significa essencialmente conhecer, perceber pela visão, alcançar com as vista os seres, as coisas e as formas do mundo ao redor. Ver é também um exercício de construção perceptiva onde os elementos selecionados e o percurso visual podem ser educados.

Observar é olhar, pesquisar, detalhar, estar atento de diferentes maneiras às particularidades visuais relacionando-as entre si. O saber ver e observar podem ser trabalhados de maneira que a pessoa possa analisar, refletir, interferir e produzir visualmente através do entendimento da linguagem visual.

Caixa de texto – Um código ao alcance de todos

A linguagem visual pode ser encontrada por toda parte — aeroportos, rodovias, fábricas. De compreensão imediata para pessoas de idiomas diversos, ela já faz parte da moderna paisagem urbana.

A placa com o desenho de um avião indica o caminho para o aeroporto; com um prato entre uma faca e um garfo alerta que há um restaurante logo ali; o cartaz com um cigarro aceso, cortado por uma faixa vermelha, lembra que não é permitido fumar; o contorno de um homem ou mulher sobre uma porta informa que ali é um banheiro — masculino ou feminino; flechas apontam as mãos do trânsito; silhuetas humanas imitando determinados movimentos simbolizam atividades esportivas; degraus avisam que há uma escada por perto; e a clássica caveira sobre duas tíbias cruzadas adverte: perigo à vista.

Estes são exemplos de glifos, palavra grega que significa inscrição. Se comparados a seus ancestrais — os aristocráticos hieroglifos egípcios —, os modernos até que são sinais muito corriqueiros.

Enquanto os egípcios usavam os hieroglifos apenas para adornar monumentos, templos e túmulos, os atuais glifos podem ser encontrados por toda parte. A tal ponto estão incorporados à paisagem urbana, em lugares públicos, mas também em fábricas e escritórios que chegam a ser uma imagem de modernidade. Hieroglifos, em grego, significa inscrições sagradas. Mas os glifos atuais são apenas utilitários. Eles foram se espalhando à medida que a revolução nos transportes e comunicações produziu o turismo internacional de massa, pondo a circular pelo mundo milhões de pessoas pouco familiarizadas com a língua dos países visitados.

Daí a necessidade de uma linguagem que pudesse ser compreendida por qualquer um, principalmente em lugares grandes, movimentados e complexos, como os aeroportos, onde a informação rápida e precisa é fundamental não apenas para os viajantes como também para o funcionamento do próprio sistema. Aliás, essa é mais uma diferença entre os atuais e antigos glifos. Enquanto os sinais dos egípcios eram de propósito indecifráveis para os mortais comuns, os atuais só têm sentido se forem facilmente identificáveis pelo maior número possível de pessoas de todas as condições. No meio de tantas diferenças, há pelo menos uma semelhança. Cada qual à sua maneira, os dois tipos de glifos são bonitos. Os atuais, como resultado de muitas pesquisas dos especialistas em arquitetura, comunicação visual, arte gráfica e design. Os antigos, como resultado de uma valorização cultural comparável às tradicionais formas de arte, como a pintura ou a escultura.
Adaptado de: Superinteressante, ed. 004, p. 64-67.

 Interagindo com a arte
1) Pesquise os significados das palavras que aparecem no texto:
a) Código b) Analogia c) Metáfora d) Convenção
2) Crie símbolos simples e diretos que representem os conceitos abaixo e verifique se os seus colegas conseguem identificá-los.
a) Pobreza b) Riqueza c) Alegria d) Tristeza e) Liberdade f) Escravidão
3) Discuta com os colegas para quem você mostrou os símbolos como eles identificaram os significados dos conceitos representados.


Capítulo 6 – Elementos básicos da linguagem visual
 Pensando sobre o tema
- Quais das imagens abaixo você consegue identificar o que ela é mais rapidamente?
- O que elas representam e quais as diferenças entre elas?
(Colocar três imagems parecidas (ex: um rosto de mulher) uma de pontos, outra de linhas e outra por manchas de cores)

 Ampliando os conhecimentos
Estudamos anteriormente que a linguagem visual transmite idéias e sensações através de símbolos que causam um maior impacto e efeito no observador do que a linguagem conceitual (oral e escrita) em alguns momentos. Vamos aprender agora que a linguagem visual pode ser reduzida aos seus elementos básicos, aqueles que formam a imagem e o modo como os percebemos.

 Ponto: primeira unidade da imagem, tendo como característica a simplicidade e irredutibilidade (não pode ser reduzido), não possuindo formato nem dimensão. O ponto constrói a imagem e funciona como referência no espaço visual por ter um grande poder de atração para a visão humana. Os pontos podem agir agrupados obtendo um expressivo efeito visual com formas ordenadas ou aleatórias em que o olho reúne os pontos em uma única imagem.

 Para saber mais
Pontilhismo: foi uma técnica inovadora de pintura desenvolvida pelo artista francês Georges Seurat no final do séc. XIX que tinha como proposta formar a imagem através de minúsculos pontos de cores pincelados na tela de maneira que, quando as pessoas observassem à distância correta, misturassem os milhares de pontos formando a imagem.

 Linha: quando agrupamos os pontos muito próximos, em uma seqüência ordenada uns após os outros e de mesmo tamanho, causam à visão uma ilusão de direcionamento e acabamos visualizando-os como uma linha.
As linhas podem ser classificadas como:
- geométricas: são abstratas e tem apenas uma dimensão, o comprimento;
- gráficas: linhas desenhadas ou traçadas numa superfície qualquer;
- físicas: pode ser observada, principalmente, nos contornos dos objetos, naturais ou construídos, criada de maneira abstrata na forma de uma percepção visual ilusória e imaginária como fios de lã, fios de energia, rachaduras em pisos, horizonte etc.

A linha gráfica pode indicar a trajetória de um ou vários pontos de maneira contínua variando quanto:
- à espessura, (fina ou grossa);
- quanto à forma (reta, sinuosa, quebrada ou mista);
- quanto ao traçado (cheia, tracejada, pontilhada, traço e ponto, etc) e;
- quanto à posição (horizontal, vertical ou inclinada).
Destas características destacamos a forma e a posição que, dependendo da intenção de quem a desenha, a linha pode estar carregada de movimento e energia, assumindo diversas apresentações para expressar vários significados.

 Para saber mais
- Reta: linha ilimitada nos dois sentidos (sem começo ou fim) e possui uma única direção.
- Semi-reta: linha que parte de um ponto de origem e é ilimitada apenas num sentido de crescimento.
- Retas paralelas: linhas retas que não se cruzam e todos os seus pontos possuem a mesma distância.
- Retas perpendiculares: linhas retas que se cruzam tem “aberturas” iguais formando um “canto reto”
- Ângulo: é a “abertura” formada por duas linhas semi-retas que partem de um mesmo ponto.
- Curva: linha que muda o seu sentido de direção podendo ser sinuosa, quebrada ou mista.

 Forma: a forma é derivada da organização imaginária que damos a um conjunto de linhas dando um sentido de orientação espacial e de reconhecimento da imagem representada. A mesma forma pode se apresentar diferente para nossa observação de acordo com a referência visual da superfície em ela está.
Existem três formas básicas: o círculo, o quadrado e o triângulo eqüilátero, cada qual com suas características e especificidades, exercendo no observador diferentes efeitos visuais e impressões quanto aos seus significados. As formas também podem se dividir em dois grandes grupos:
- Geométricas: figuras ordenadas perfeitamente (formas básicas, polígonos etc), não tão facilmente reconhecidos na natureza no seu estado mais puro;
- Orgânicas: formas ordenadas ou aleatórias em estruturas não geométricas, observadas principalmente na natureza, daí o seu nome (asa de inseto, folha de árvore, curso e ramificações de um rio etc).

 Para saber mais
Piet Mondrian(1872-1944): artista holandês que trabalhava com a arte abstrata geométrica buscando romper com a representação figurativa na arte, ou seja, sendo contra a cópia mais ou menos fiel da realidade. Seguia o movimento chamado De Stijl (o Estilo) e reduzia a imagem aos seus elementos básicos – linhas, formas, cores e ritmo numa composição que abandona a arte do “natural” e passa a seguir formas rígidas e geométricas.

 Interagindo com a arte
1) Identifique e cole no seu caderno fotografias de revistas com os seguintes elementos:
a) Linhas retas
b) Linhas curvas
c) Formas geométricas
d) Formas orgânicas
2) Nos quadrados abaixo faça uma colagem com os seguintes elementos da linguagem visual: ponto, linha e forma. Cada colagem deve possuir muitos exemplos do elemento, tal como ele é encontrado impresso ou desenhado, e organizada de modo a demonstrar algumas das características desses elementos. Faça o trabalho num quadrado de 10 cm de lado
3) Pesquise em revistas diversas e escolha uma imagem que possua exemplos de ponto, linha e forma. Em seguida desenhe, num retângulo com 10cm e 15 cm, de lados o modo como os elementos estão na imagem.
4) Selecione as palavras que apareceram no texto que você não entendeu os significados. Em seguida pesquise em diferentes fontes e compare com a pesquisa dos seus colegas.

 Pensando sobre o tema
- Observe as imagens abaixo. Você consegue identificar o que elas são?
(indicar imagens com texturas diferentes)
- O que há de estranho na imagem abaixo? Observe e cite as características que você acha que não estão corretas.
(desenhos de M.C. Escher que indiquem dimensão)
- Quem será maior na foto abaixo? Por quê você acha que a imagem está assim?
(foto com perspectiva distorcida mostrando
diferenças grandes de tamanho – linhas)

 Ampliando os conhecimentos
- Textura: é a qualidade impressa em uma superfície, enriquecendo as impressões e sentidos que teremos de determinada forma. A textura pode ser classificada de duas maneiras: quanto à sua natureza e quanto à forma que ela se apresenta.
Quanto à natureza:
- Textura tátil - é aquela que podemos tocar e sentir fisicamente a sua característica peculiar pelo tato, como, por exemplo, o reboco granuloso de uma parede, a aspereza de uma lixa, a lisura de uma cerâmica polida;
- Textura ótica - é aquela existente apenas na ilusão criada pelo olho humano, como, por exemplo, a capa de um livro que reproduza a imagem de uma parede rebocada ou as imagens impressas num tecido que criam um padrão de textura reconhecido pela visão, mas não sentido pelo tato.
Quanto à forma que se apresenta:
- Geométrica – a organização de formas geométricas num padrão dentro de uma área ou superfície acaba dando a esta a característica de uma textura. Isto acontece por que agrupamos muito próximos visualmente os elementos semelhantes.
- Orgânica – a superfície possui uma aparência de algo natural, iludindo o olho como se pudesse ser percebida pelo toque.
(indicar exemplos de diversos tipos de textura)

- Dimensão: trabalha em conjunto com a linha e com a forma para iludir o nosso olhar criando um efeito tridimensional na imagem, que está numa superfície bidimensional, uma folha de papel, por exemplo. As três dimensões são altura, comprimento e profundidade.(indicar imagens nas três dimensões)

Junto com o elemento da dimensão relacionaremos o conceito de plano, que é uma área da imagem que possui duas dimensões (comprimento e largura) e que, através de sua sobreposição, podemos obter uma ilusão da terceira dimensão (altura).

A representação da dimensão de profundidade no espaço bidimensional (altura e largura) vai depender da capacidade que o olho tem de se iludir quanto ao modo de perceber a imagem. A linha funciona como o contorno das formas obtidas que, por sua vez, são projetadas na superfície plana bidimensional de modo que pareçam estar em diferentes planos. O principal artifício usado para criar este efeito de profundidade é a perspectiva, podendo ser intensificados pelos efeitos de claro-escuro nos diferentes tons da imagem. A representação do espaço tridimensional numa superfície bidimensional, através da perspectiva, vai exigir uma série de regras e métodos estabelecidos matematicamente para iludir o olhar.

(Colocar muitas imagens de obras de arte que
demonstrem características deste elemento)

Caixa de texto: A ilusão de profundidade

A superfície do papel que você está lendo possui apenas duas dimensões (altura e largura), portanto como podemos representar objetos com volume tendo três dimensões e termos a ilusão da terceira dimensão – a profundidade? Usando os truques da Perspectiva para enganar a visão. O desenho em perspectiva reproduz o efeito que temos quando observamos o ambiente físico – as imagens se apresentam cada vez menores à medida que aumenta a distância de quem observa. A ilusão de perspectiva pode ser causada de duas maneiras no desenho artístico:
- Perspectiva Linear – que tem como referência a linha do horizonte e um ou mais pontos de fuga localizados nesta linha para causar o efeito de profundidade;
- Perspectiva Tonal ou Atmosférica – usa diferentes tonalidades de cores, graduando conforme a distância que se quer representar – quanto mais próxima do observador a figura está (1º plano) os tons são mais fortes e quanto mais distante do observador os tons são mais fracos.
(indicar imagens de obras de arte e
fotografia que demonstrem este elemento)

- Escala: quando trabalhamos com os elementos visuais em uma área específica bidimensional, devemos prestar atenção na relação entre os tamanhos das imagens. Esta relação entre os tamanhos é a escala, também conhecida como proporção. Quando falamos de escala ou proporão vamos estar comparando conceitos opostos: grande e pequeno.

A medida para se estabelecer uma relação comparativa de escala é o próprio ser humano, tendo sido desenvolvida pelos gregos antigos uma relação proporcional perfeita, a seção áurea, obtida através do seccionamento de um quadrado, usando a diagonal de uma de suas metades como raio para ampliar as suas dimensões originais, convertendo-o num retângulo áureo. A escala, como elemento da linguagem visual, traz em si um grande potencial de criação de efeitos e significados na construção de mensagens comunicativas e expressivas.
(indicar exemplos de escala, a imagem do homem vitruviano
de Leonrado DaVinci – Reanscimento e um desenho da seção áurea)

O que é a seção áurea?
Quando colocamos um quadrado inserido num retângulo e com uma área aproximada e repetimos o mesmo quadrado aumentando a área do retângulo, pondo-os lado a lado numa seqüência progressiva, o olho cria uma ilusão de que o quadrado vai diminuindo seu tamanho, mesmo conservando a área original.

 Para saber mais
Cubismo: Um dos principais movimentos artísticos do séc. XX, que teve destaque entre os anos de 1908 e 1914. Possui esse nome por que uma pintura de Georges Braque (??-??), seu precursor, pareciam “cubinhos”, e o nome pegou. Os cubistas “quebravam” a imagem da realidade representando na sua arte formas vistas, ao mesmo tempo, em todas as posições. Faz uso de formas, cores e materiais e técnicas variadas como pintura, colagem, escultura etc. Este estilo variava entre a arte figurativa e abstrata já que parecia “desmontar” e “remontar” os objetos de maneira que todos os seus lados fossem vistos em um só instante. Destaca-se nesse movimento o espanhol Pablo Picasso (1881-1973) considerado um dos maiores artistas do séc. XX, que causou uma revolução na arte com seu quadro “Les Demoiselles D’Avignon” (As senhoritas de Avignon), pintando mulheres nuas com corpos e rostos deformados, sem respeitar proporções ou a perspectiva, indo do figurativo ao quase abstrato.

 Conhecendo mais sobre o tema
- Direção: quando observamos qualquer imagem procuramos sempre organizá-la e entendê-la visualmente quanto à sua forma, dimensão, tamanho e outros elementos. Também procuramos um sentido para a nossa observação, isto é, a direção que percebemos na imagem. Podemos fazer relação das direções principais com as três formas básicas: quadrado – horizontal e vertical; triângulo – a inclinada; o círculo – a curva. Cada direção básica expressa um sentido próprio: horizontal – estase, calma; vertical – prontidão, equilíbrio; inclinada – instabilidade, atividade; curva – continuidade, totalidade.
- Movimento: ao percorremos a imagem com os olhos durante a observação seguindo uma ou várias direções (horizontal, vertical, inclinado e curva) estamos trabalhando também com o elemento básico do movimento. O movimento funciona como uma ação que se realiza através da ilusão criada pelo olho humano. Podemos observar uma imagem estática num papel e parecer que ela está se movimentando para os nossos olhos. Isso acontece devido à maneira como os elementos básicos são arranjados e combinados entre si para criar a ilusão do movimento.

 Para saber mais
FUTURISMO: Estilo artístico surgido na França, em 1909, com um manifesto literário promovido pelo poeta Marinetti convocando os artistas para demonstrarem “audácia, coragem e revolta” e comemorarem a “nova beleza, a beleza da velocidade”. O estilo se desenvolveu mais na Itália onde os pintores foram influenciados pela vida urbana moderna com suas máquinas, a velocidade dos carros, o barulho da cidade grande. Os pintores combinavam cores fortes e vibrantes com formas e linhas que transmitissem uma sensação de movimento na tela. Para os futuristas, a visão humana é dinâmica, observa tudo, por isso seu trabalho não podia ser estático, tinha de mostrar todos os espaços e formas ao mesmo tempo. Entre os prinipais artistas deste movimento estavam Giacomo Balla, Umberto Boccioni, Carlo Carrá e Gino Severini.

OP ART / OPTICAL ART (ARTE ÓTICA): Desenvolvida nos anos 1960, a Op Art (em português Arte Ótica) buscavam menos expressão sentimental e mais visualização nos seus trabalhos. Construíam suas obras usando linhas, formas e cores organizadas com precisão e rigidez, sem temas definidos e de caráter abstrato, mas quando observadas transmitiam instabilidade e movimento de maneira a causar ilusões de ótica. Os artistas que mais se destacaram foi o pintor franco-húngaro Vitor Vasarely (??-??), a inglesa Bridget Riley (??-??) e o americano Richard Anuszkiewicz (??-??).

 Interagindo
1) Pesquise e selecione em revistas ou outros materiais impressos exemplos de: texturas óticas (visuais) exemplificando a textura geométrica e orgânica. Em seguida faça uma colagem criando uma nova ilusão de textura com os exemplos que você conseguiu.
2) Tente encontrar exemplos de textura tátil exemplificando a textura geométrica e orgância no ambiente à sua volta (ex: paredes, pisos, cascas e folhas de árvore etc) e tente reproduzi-los usando papel e giz de cera. Procure criar exemplos novos misturando os diferentes exemplos que você encontrar.
3) Procure exemplos de imagens que transmitam a ilusão de três dimensões (altura, largura e profundidade) e tente desenhá-las repetindo a mesma ilusão.
4) Arrume alguns objetos de diferentes formatos e tamanhos numa mesa (ex: garrafas, potes, vasos etc) e se posicione ao redor deles em várias posições tentando desenhá-los. Faça isso junto com seus colegas e compare os diferentes resultados obtidos.
5) Crie imagens com quaisquer materiais (lápis de cor, giz de cera, barbantes, recortes etc), que pareçam estar “em movimento”. Exponha para seus colegas e veja se eles conseguem perceber o efeito criado.

 Pensando sobre o tema
- Fique em um ambiente fechado com a iluminação artificial (lâmpada) desligada. Utilize uma lanterna ou vela e observe como a sua luz cria diferentes efeitos de sombras.
- Consiga uma televisão que tenha controle de intensidade de cores e diminua até ficar preto e branco. Observe como existe uma grande diferença na imagem entre as áreas claras e sombreadas.
- Pesquise em revistas diversas, propagandas que tenham feito o uso de cores. Tente achar um significado para estas cores e por quê elas foram empregadas na imagem.

 Ampliando os conhecimentos
- Tom: Nós percebemos o mundo pelos sentidos da audição, olfato, tato, paladar e, principalmente, pela visão que só é possível pela existência da luz. A sensibilidade dos olhos para a luz faz com que possamos discernir formas, movimentos, texturas, cores e tons. O tom é a quantidade relativa de luz existente em um ambiente ou numa imagem, definindo sua obscuridade ou claridade, ausência ou presença de luz. Temos uma relação de contraste entre o claro-escuro. Sem esta relação não veríamos o mundo da maneira que ele nos aparenta. A luz natural emitida pelo sol, a luz branca, é refletida, absorvida, circunda e penetra nos objetos que, por sua vez, têm características de absorver ou refletir a luminosidade que recebe. Assim, podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas (elemento da dimensão), o espaço que elas ocupam, identificando sua forma, massa, cor, textura, se está estática ou em movimento etc. As múltiplas gradações entre o claro e escuro consistem numa escala tonal. Esta escala tonal pode ser aplicada para obtermos vários efeitos sendo um dos principais a perspectiva (ilusão de tridimensionalidade) causada pelo jogo de luz e sombra, chamada de perspectiva tonal. Dentro da linguagem visual o elemento básico do tom se torna essencial para uma representação imagética reconhecida pela percepção humana.

- Cor: Este é um elemento básico da linguagem visual que merece um estudo maior, descrevendo seus aspectos, características, composição e classificação básicas.
Ao longo da história, teóricos e artistas tentaram explicar a natureza da cor e como o ela ocorre enquanto fenômeno percebido pela visão.

Como foi dito, enxergamos graças à presença da luz, e as cores só existem devido à sua presença também. A luz natural ou solar é também denominada de luz branca, deslocando-se a uma velocidade a cerca de 300.000 km/s quando propagada no vácuo (espaço sem ar). A luz branca pode ser decomposta em milhões de cores na natureza, mas o ser humano só é capaz de enxergar e identificar uma parte que chamamos de espectro luminoso visível. As cores principais do espectro luminoso visível obtido através da decomposição da luz branca são: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Estas cores podem ser observadas na natureza na forma do arco-íris, com as gotículas de água suspensas na atmosfera funcionando como prismas para a decomposição da luz branca.

A cor, enquanto fenômeno físico, possui leis naturais que a regem, e, enquanto fenômeno fisiológico, possui características identificáveis quanto ao modo como é percebida pelo olho humano. De acordo com a percepção, as cores possuem três dimensões: matiz (croma), saturação (pureza relativa da cor) e brilho (valor tonal).
O matiz ou croma é a cor em si, com suas especificidades individuais. A saturação é a pureza relativa da cor ou a intensidade da sua presença indo da presença máxima do seu matiz até um cinza neutro. O brilho relativo corresponde ao valor tonal das gradações entre sua luminosidade ou obscuridade. Vale destacar que a presença ou ausência de cor não afeta o tom, que é constante. Quando diminuímos a saturação de um matiz ele se torna gradativamente um cinza (assim como a experiência da televisão no começo do assunto).

As cores são divididas em cor luz e cor pigmento, cada qual com uma classificação para os diferentes matizes. Para os que trabalham com cor-luz (como na televisão ou no cinema), as primárias são: vermelho, verde e azul-violetado. A mistura dessas três luzes coloridas produz o branco, denominando-se o fenômeno síntese aditiva. Para o químico, o artista e todos que trabalham com substâncias corantes opacas (cores-pigmento) as cores primárias são o vermelho, o amarelo e o azul. A mistura das cores-pigmento vermelho, amarelo e azul produz o cinza neutro por síntese subtrativa. Nas artes gráficas, pintura em aquarela e para todos que utilizam cor-pigmento transparente, ou por transparência em retículas, as primárias são o magenta, o amarelo e o ciano. A mistura dessas três cores também produz o cinza neutro por síntese subtrativa.

Outro aspecto importante a ser lembrado no elemento básico cor é a existência das cores complementares, isto é, aquelas que se equivalem e se equilibram enquanto matizes expressivos e com saturação máxima. Para entendermos as cores complementares devemos deixar claro que as cores primárias fundamentais são indivisíveis no campo perceptivo visual: vermelho, azul e amarelo. As complementares derivam da relação destas três cores fundamentais da seguinte forma: azul mais vermelho origina o violeta ou roxo, que é uma cor secundária por ter sido obtida da combinação de duas primárias em igual porção. A cor amarela não participou desta combinação logo, a cor violeta ou roxo e a cor amarela são complementares. Assim, o verde é o complementar do vermelho, e o laranja é complementar do azul e o roxo é complementar do amarelo.

Esta complementaridade entre as cores encontra uma explicação fisiológica no efeito da imagem posterior (pós-imagem). Este é o fenômeno visual fisiológico que ocorre quando o olho humano esteve fixado ou concentrado em alguma informação visual. Quando essa informação ou objeto é substituído por um campo branco e vazio, vê-se uma imagem negativa no espaço vazio.

Este efeito de pós-imagem é visualizado através dos contrastes simultâneos existentes entre a relação de duas ou mais cores, explorando as três dimensões da cor. Os contrastes simultâneos são notados entre as cores complementares, quando colocadas juntas ou entre uma mesma cor tendo a saturação do seu matiz alterada, ou ainda quando colocamos uma cor com um valor tonal diferente, criando assim um jogo de claro-escuro, destacando ou apagando determinada cor.

Além destas características físicas e fisiológicas da cor, ela possui também atributos qualitativos: classificação em cores quentes (vermelho, amarelo e seus derivados), cores frias (azul, violeta, verde e suas variações); e atributos emotivos: viva, morta, alegre, triste, calma, ativa etc.

Caixa de texto: Jogo de cores
As cores têm forte influência sobre as pessoas. Animam, relaxam, provocam emoções boas e más. As cores quentes aumentam o apetite nas pessoas, não é à toa que as lanchonetes preferem os tons de vermelho, laranja e amarelo na decoração. Já as chamadas cores frias têm efeito inverso. Eis por que se tem uma sensação de relaxamento ao se olhar o mar. Essas cores, principalmente o azul, levam à redução das atividades do corpo, como se a pessoa estivesse prestes a adormecer. De certa maneira, instintivamente, se conhece a ação das cores. Ninguém associa emoções fortes, que fazem disparar o coração, com tonalidades suaves e, muito menos, escuras. A paixão, por exemplo, é eternamente simbolizada por corações vermelhos. Já quando se está desanimado, a tendência é usar roupas de cores frias.

Se as cores estimulam as pessoas, há quem acredite que podem até curar doenças, cada matiz fornecendo energia para uma parte específica do organismo. Nos quartos dos hospitais modernos, as paredes estão sendo pintadas de cores suaves em substituição ao clássico branco, isso porque o branco traz tamanha sensação de paz que, em pessoas deprimidas por causa de doenças, pode acabar resultando numa impressão de solidão. A idéia de usar cores para obter determinadas reações de comportamento é antiga. Os monges tibetanos há milhares de anos enfatizam uma cor — como o verde, para obter harmonia — conforme a meditação que pretendem fazer.

Tem lógica: na escala cromática, que vai do vermelho ao violeta, a cor verde fica bem no meio. Nessa posição estratégica, parece quente ou frio, dependendo da tonalidade. Os tons que puxam mais para o azul, como o musgo, são repousantes. Já o verde-limão, próximo do amarelo, é considerado uma cor estimulante. O verde médio é o perfeito equilíbrio.

Mas, em geral, qualquer verde dá sensação de bem-estar, e por esse motivo é a cor que significa "siga" no semáforo: diante da luz verde, o motorista é induzido a crer que tudo está tranqüilo e ele pode avançar. O gritante vermelho, porém, provoca sempre um choque — pois é a cor associada à agressividade, às mudanças repentinas, às revoluções onde corre sangue. Não há quem ouse ignorá-lo, a não ser algumas pessoas ao volante, com os resultados que todos conhecem. Nas roupas vestir tons fortes e contrastantes dá mais colorido à vida, quando a situação parece “preta”.

Em relação à idade, é interessante perceber que os jovens — cujo organismo funciona rápido — gostam dos tons fortes, justamente os que os estimulam ainda mais. Os mais velhos, porém, combinam o passar dos anos com uma crescente sobriedade.

A cultura de uma sociedade também influi na escolha das cores. Povos tropicais costumam apreciar cores vivas. É só lembrar a arte plumária dos índios brasileiros. Já as sociedades do hemisfério norte gostam de tons mais sóbrios, como os das milenares porcelanas chinesas. Às vezes, também, uma mesma situação é colorida de modo diferente em lugares diferentes. O luto nos países ocidentais é preto porque essa é a cor da morte — a sensação de preto é causada justamente pela ausência de luz, que por sua vez é relacionada à vida. Mas os budistas, por exemplo, usam branco nos enterros, como símbolo da paz alcançada pelo morto. A preferência por esta ou aquela cor também está relacionada à época. O vermelho, antigamente, era símbolo de riqueza, porque a tintura dessa cor para tecidos era caríssima.

Em matéria de cor, porém, não se pode pintar tudo em um único tom. Os mais recentes estudos mostram que tudo depende do estado emocional e da personalidade de cada um — e principalmente dos valores a que se adere.
Adaptado de: Superinteressante, fev / 1998, ed. 005, p. 52-55.

Conheça as principais características da luz e das cores:

Decomposição da luz branca – ninguém passa a vida em branco e preto pela simples razão de que o olho humano não pára de medir as ondas luminosas do Sol. Cada uma produz uma sensação de cor através da decomposição da luz branca: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul-anil, índigo, violeta. Quando a luz alcança um objeto, este reflete algumas ondas que acabam determinando a sua cor. O branco é a sensação produzida por coisas que refletem toda a luz; um objeto preto, ao contrário, absorve todas as ondas, sem refletir nada.

Cor-Luz – observada através dos raios luminoso originada da luz branca.
Cor-Pigmento – percebida através das substâncias materiais corantes (pigmentos) na presença da luz. Pode ser opaca, como a utilizada na pintura em geral, ou transparente, utilizada principalmente nas artes gráficas.
Pigmento – substância natural ou artificial que dá coloração aos líquidos e tecidos vegetais, animais ou minerais que as contém. Para obter os pigmentos, as substâncias que os contém são geralmente transformadas em pó.

Síntese aditiva das cores – mistura das cores primárias da luz – vermelho, verde e violeta – dando origem às cores secindárias da luz – amarelo, magenta, ciano (azul). Nesta mistura a união de todas as cores luz resulta na cor branca (luz branca).
Síntese subtrativa das cores – mistura das cores primárias em forma de pigmento, tanto opaco quanto transparente. Na mistura das cores primárias do pigmento transparente são utilizados o magenta, amarelo e ciano (azul) originando as secundárias verde, vermelho e violeta. Na mistura das cores primárias do pigmento opaco são utilizados o vermelho, amarelo e azul resultando nas secundárias laranja, verde e roxo. Na síntese aditiva dos dois tipos de pigmento o resultado é um cinza neutro.

Cores análogas – cores vizinhas no círculo cromático.
Cores complementares – cores diametralmente opostas no círculo cromático.
Cores frias – predominam o azul e o verde.
Cores quentes – predominam o vermelho e o amarelo.
Cores primárias – cores puras, não se formam da mistura de outras cores (azul, vermelho e amarelo).
Cores secundárias – resultam da mistura de duas cores primárias.
Cores terciárias – resultam da mistura de uma cor primária com uma secundária.
Cores neutras – não existe predominância de tonalidades quentes ou frias (cinzas, bege, marrons, preto e branco).

Contraste de cores - o contraste é o efeito produzido pela oposição entre as cores, podendo ser:
- Complementar: resulta da aplicação de cores opostas no círculo cromático.
- Simultâneo: obtido pela aplicação de uma mesma cor sobre fundos diferentes e que provoca aparente mudanças de tonalidade, devido à interferência da cor de fundo sobre a cor aplicada.
Monocromia – pintura feita utilizando apenas uma cor (matiz) com gradações (variações) de tonalidades.
Policromia – pintura realizada utilizando-se várias cores (matizes)

 Para saber mais
Impressionismo: movimento surgido na França que durou apenas seis anos (1860 a 1866), mas marcou a primeira revolução artística desde o Renascimento. Os artistas impressionistas rejeitavam a tradição da arte tradicional abandonando o estudo rigoroso da perspectiva, a composição equilibrada, as figuras idealizadas, o contraste tonal do claro-escuro do Renascimento. Os impressionistas buscavam representar as sensações visuais imediatas através da cor e da luz causando uma “impressão” de que o observador estivesse presente no lugar ou situação. Entre os principais representantes do movimento estavam Edouard Manet (1832-1883), Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) e Edgar Degas (1834-1917). Eles pesquisaram e estudaram sobre os efeitos da luz e das cores pintando nas telas c

om pinceladas rápidas lembrando manchas irregulares. O pintor Claude Monet (1840-1926) foi um dos que mais explorou os princípios impressionistas, pintando ao ar livre, usando a luz do sol para combinar cores primárias puras uma ao lado da outra e as sombras pintadas com as cores complementares ao lado. Segundo Monet “tente esquecer que objetos tem à sua frente, árvore, casa, campo ou o que for. Pense apenas: aqui está um quadradinho azul, aqui uma longa forma cor-de-rosa, aqui uma faixa amarela e pinte-a exatamente como você a vê”.

Vincent van Gogh (1853-1890): artista holandês que seguiu os passos dos impressionistas, mas criou um estilo próprio, forte e autêntico cheio de expressividade e emoção. Sua obra transmitia sua angústia e ânsia pela vida e pela arte, alternando momentos de alegria e tristeza profunda, o que caracterizava sua loucura. Fazia suas telas com pinceladas rápidas e curtas criando formas distorcidas com cores fortes e contrastantes. Baseou toda a sua obra na utilização da cor, pintando paisagens, ambientes (como a famosa obra “O quarto”) e vários auto-retratos. Viveu sem fama sem ter sua arte reconhecida e vendeu apenas um único quadro em toda sua vida. Atualmente suas obras são comercializadas por milhões de dólares, estando entre as mais valorizadas de todos os tempos. “As telas dizem o que não pode ser dito em palavras” – Van Gogh.

 Interagindo
1) Pesquise e selecione imagens em materiais impressos que tenham grande expressividade no uso de cores. Tente analisar o que aquela cor ou cores significam para você e por quê elas foram utilizadas na imagem que você escolheu.
2) Usando lápis de cor, giz de cera ou tinta faça uma gradação de tons indo do branco ao preto. Repita esta experiência usando a mesma gradação de tons, desta vez utilizando algum matiz (ex: vermelho, verde, azul etc).
3) Experimente misturar as cores primárias com quaisquer materiais (lápis de cor, giz de cera, tinta etc) para obter as cores secundárias e terciárias.
4) Elabore um desenho, de observação ou imaginando, usando o contraste entre as cores complementares (azul-laranja, vermelho-verde, amarelo-roxo).
5) Faça um arranjo com objetos de diferentes formatos e tamanhos sobre uma mesa e direcione alguma fonte de luz na direção deles. Observe o efeito causado pelo contraste entre as áreas iluminadas e sombreadas. Tente desenhar os objetos e reproduzir o jogo de luz e sombra observado.
6) Crie dois desenhos baseados em uma mesma imagem (revista, jornal, livro etc). Pinte um deles usando apenas preto e branco e depois o outro desenho usando as cores necessárias.


Capítulo 7 – Fundamentos compositivos
 Pensando sobre o tema
- Observe estas duas fotografias. Qual delas você acha que está mais equilibrada? Por quê?
- Você seria capaz de completar o desenho abaixo sem virar a folha?
- Quais das figuras abaixo são perfeitamente iguais e quais são apenas parecidas?
- Qual será o maior quadrado preto dentro dos retângulos brancos?

 Ampliando os conhecimentos
Os elementos básicos por si só não constituem uma mensagem visual, como uma obra de arte, por exemplo, sendo necessário, para isso, seguir alguns fundamentos de como compor a imagem para que transmita e expresse idéias e emoções do autor. Tais fundamentos não surgiram ou foram inventados por acaso, mas foram observados, analisados e experimentados por estudiosos e artistas.

• Equilíbrio
O ser humano tem por necessidade física e mental a busca constante do equilíbrio, da estabilidade em qualquer objeto visto ou situação vivenciada. Quando uma pessoa observa qualquer imagem tem como referência uma linha do horizonte, que funciona como base para se localizar no espaço que está. A partir desta referência é que podemos definir alto ou baixo, esquerda ou direita, nos orientando e orientando aos outros. O ser humano percebe o todo, mesmo se aquilo que se apresenta para ele é formado por muitas partes separadas, tentando sempre restaurar o equilíbrio. Este fenômeno é a busca do fechamento, simetria e regularidade das unidades que compõem uma figura, objeto ou ação. A maneira de como percebemos e entendemos uma imagem ou situação é que nos leva a determinados comportamentos e reações.

Na linguagem visual o equilíbrio é verificado quando traçamos um eixo vertical sob uma linha horizontal secundária como base, obtendo uma estrutura visual, chamada de eixo sentido, que funciona como referência para nossa orientação. O equilíbrio físico e o equilíbrio visual não são necessariamente os mesmos, assim como o centro físico geométrico de um objeto ou figura não é o mesmo centro visual percebido pelas pessoas. Para entendermos isso é importante lembrar que equilíbrio não é simetria, mas esta é apenas a forma mais simples de equilíbrio.
(Colocar exemplos)

• Tensão
Oposto do equilíbrio, a tensão vem desestruturar a referência do eixo sentido da linha vertical e da linha-base horizontal causando uma instabilidade na observação do objeto ou situação. Passa a existir então uma relação entre o equilíbrio e a tensão, num jogo de forças que atuam no campo de visão percebido pelo ser humano. Estas influências no modo de como percebemos a imagem são chamadas de forças de movimento por que agem sobre um ponto de aplicação, sob uma direção e com certa intensidade na percepção visual. Este jogo de forças pode e deve ser usado para causar sensações, impressões e efeitos diversos na linguagem visual, cabendo adequar sua ação para um fim específico. O dinamismo e a atividade, de uma imagem carregada de tensão, contrastam com a calma e estase de outra que possua equilíbrio. Estes dois fundamentos, equilíbrio e tensão, funcionam como opostos necessários já que um é referência para o outro no campo da percepção visual.
(Colocar exemplos)

• Nivelamento e aguçamento
Quando buscamos o equilíbrio em uma imagem instável estamos usando outro fundamento da composição que é o nivelamento. Este princípio funciona quando observamos um objeto ou figura, dispostos de maneira assimétrica e, instintivamente, visualizamos seu centro visual perceptivo tendo de localizar seu centro geométrico através de uma medição mais detalhada. Assim, nivelamos nosso olhar em relação ao centro visual perceptivo e, quando a imagem observada encontra-se fora deste equilíbrio visual, provoca um aguçamento na percepção do todo. Existe um intermediário na composição visual, entre o nivelamento e o aguçamento, que é a ambigüidade. Esta situação pode ou não ser intencional para tornar confusa a imagem, deixando o observador na dúvida se a imagem está equilibrada ou instável.
(Colocar exemplos)

• Ângulo de visão
Quando o ser humano, de modo geral, efetua o ato de observar, ele tende a ter um direcionamento no olhar. Este direcionamento o modo que percebemos e entendemos os objetos e imagens fazendo uma leitura daquilo que é alvo da observação. Este direcionamento é registrado como sendo, em sua maioria, da esquerda para a direita e de cima para baixo, como que se entrasse, passeasse e saísse da imagem, fazendo uma varredura do que ela contém. Esta ação é facilmente verificada nas culturas ocidentais e no modo como as pessoas lêem. Quando sabemos como as pessoas observam a imagem podemos compor seus elementos de maneira que atraiam a sua atenção e a mensagem visual seja transmitida e expressada da maneira como desejamos.
(Colocar exemplos)

• Atração e agrupamento
Aqui as forças de movimento atuam de forma que criam um desejo na pessoa de procurar uma “boa-forma” ou “forma correta”, isto é, a presença, na imagem observada, de equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade. A atração funciona quando numa mesma área estão dispostos dois elementos iguais ou semelhantes que, justamente por esta característica, atraem-se uns aos outros. Quanto maior a proximidade entre os elementos, maior a atração. O agrupamento é a união que a visão faz dos elementos iguais ou semelhantes, relacionando-os numa configuração. Este fundamento se baseia em uma tendência de completar os elementos que “faltam” numa figura.
(Colocar exemplos)

• Positivo-negativo / figura – fundo
É a relação existente do contraste entre dois elementos de uma imagem, definindo-os e misturando-os ao mesmo tempo. Quando vemos um exemplo deste fundamento percebemos e entendemos as imagens em momentos diferentes do que é figura e o que é fundo e vice-versa, não enxergando os dois ao mesmo tempo. Os elementos assumem uma característica de positivo e negativo, dependendo de como o espectador foca sua atenção na imagem, revelando formas de duplo sentido, causando ilusões de ótica quando a observamos.
(Colocar exemplos)

Um exemplo clássico na psicologia deste fundamento é a imagem de dois rostos pretos de perfil, um de frente para o outro, inseridos num quadrado branco. Dependendo da atenção que dirigimos à imagem, poderemos ver os dois rostos pretos num quadrado branco ou uma taça branca num quadrado preto. Neste exemplo, a relação positivo-negativo cria uma força cinestésica no observador criando um forte efeito de contraste.
(Colocar exemplos de imagens
e gráficos explicativos sobre o assunto).

Caixa de texto: A Composição Plástica

Chamamos de composição plástica o arranjo em um espaço (tela, papel, mural etc) dos elementos básicos da linguagem visual seguindo fundamentos de equilíbrio-tensão, nivelamento-aguçamento, ângulo de visão, atração-agrupamento e relação figura-fundo. Quando observarmos uma composição, distinguimos várias formas, cada uma delas tendo sentido e importância diferentes ao configurar um conjunto artístico. Por isso, em qualquer estilo das artes visuais, a composição é sempre um fator primordial. Para obtermos um bom desenho ou uma boa pintura é necessário considerarmos o fator composição, levando em consideração a distribuição e a situação dos elementos, o equilíbrio e o ritmo existente entre esses elementos e finalmente o movimento e a organização de valores relacionando-os à unidade do tema, a um centro de interesse principal.

Uma composição interessante sempre foi buscada pelos artistas nos seus trabalhos, iniciando-se na arte grega e redescoberta e reinventada no Renascimento e explorada em movimentos artísticos posteriores. Atualmente, os artistas modernos e, em especial, aqueles que trabalham com o Abstracionismo, se apóiam quase que exclusivamente na composição dos elementos básicos sem possuir um tema definido em um referencial naturalista ou vivencial.

- Simetria: distribuição dos elementos do quadro em ambos os lados a partir de um ponto do eixo central, de modo que um lado esteja correspondente a outro.
Colocar exemplos
- Compensação de massas: equilíbrio em uma imagem que se baseia na relação do “peso visual” que um elemento tem em relação ao outro nesta imagem, levando em consideração a escala (relação de tamanhos) entre a massa visual de um elemento e outro, a distância que os separa e o valor tonal entre eles.
- Harmonia: emprego adequado dos elementos básicos na imagem, de maneira a possibilitar maior direcionamento ao expressar e transmitir idéias e sentimentos na composição artística. A harmonia se relaciona e depende dos outros fundamentos compositivos.
(Colocar exemplos)

 Para saber mais
Arte da Grécia Antiga: a arte como a conhecemos atualmente no mundo ocidental foi idealizada na Grécia Antiga, civilização que durou do séc. IX ao séc. II a.C. aproximadamente. Teve o seu auge, conhecido como “Idade de Ouro”, por volta do ano 480 a 430 a.C. Segundo o antigo filósofo grego Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”. Esta frase resume todo o pensamento grego, não só na arte, mas na filosofia, ciência e política que também se originaram nesta civilização. A composição plástica na arte grega seguia os moldes do ser humano através de proporções ideais representando a perfeição do corpo e da mente, daí surgir nesta época a retratação dos nus, para exaltar a beleza da figura humana. Equilíbrio, ordem e harmonia eram os princípios que ditavam a produção dos artistas, que neste período começaram a assinar suas obras e tornaram-se conhecidos e com prestígio na sociedade grega. Todas as linguagens da arte foram trabalhadas pelos gregos – nas artes visuais: o desenho, a pintura, a escultura, a cerâmica e a arquitetura; além de terem inventado os fundamentos do teatro: drama e comédia.
Colocar exemplos de arte grega de cada período: geométrico, arcaico, clássico e helenístico.
(Colocar exemplos de escultura,
cerâmica e arquitetura).

 Interagindo com a arte

...

Unidade III – MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS
Capítulo 8 – Manifestações artísticas bidimensionais

As produções artísticas se manifestam de diversas maneiras nas Artes Visuais ao longo da História da Arte. Em diferentes períodos artistas utilizaram técnicas, materiais diversos para transmitir e expressar suas idéias e sentimentos na forma de objetos artísticos. Iremos estudar alguns exemplos dessas técnicas e materiais de acordo com os estilos em que eram empregados. Separamos o assunto nas manifestações representadas no plano bidimensional (altura e largura) – o desenho, a pintura e a gravura – e outras representadas no plano tridimensional (altura, largura e profundidade).

 Pensando sobre o tema


 Ampliando os conhecimentos

o Desenho:
Uma das primeiras manifestações da arte que produzimos e que temos contato é o desenho. Temos contato com o desenho desde criança como atividade de lazer, de diversão. O desenho com certeza é uma atividade prazerosa, mas também é um trabalho que requer habilidade e inteligência. O ato de desenhar faz com que você pense e raciocine de forma diferente de quando você fala ou escreve utilizando a linguagem conceitual, já que, desenhando, você está praticando a linguagem visual, idealizando símbolos, compondo linhas, formas, tons e cores para transmitir e expressar suas idéias e sentimentos. O desenho então pode ser conceituado como uma representação gráfica da maneira como observamos e interpretamos a realidade do ambiente que nos cerca ou das idéias que imaginamos sobre ela.

Não se pode, simplesmente imitar o que se vê, é preciso, antes, observar e entender, pensar e refletir, para em seguida adequar meios e técnicas em seu registro gráfico. Tanto no desenho quanto na pintura, o bom conhecimento da técnica, acentua e facilita a percepção e registro da realidade ou da imaginação do artista. Para executarmos um desenho, é necessário primeiramente que tenhamos uma idéia daquilo que queremos representar. As idéias surgem a partir do nosso pensamento crítico a respeito da realidade que nos cerca. Essa atitude crítica nos leva a questionar tudo e a perceber aquilo que nos impressiona, que nos interessa, que nos provoca sensações, sentimentos como prazer, dor, alegria, frustração, indignação, piedade, etc. Entretanto, cada pessoa reage de modo diferente diante de uma determinada situação da realidade e isto se deve a alguns fatores. Como você já pode ter notado o desenho é representado graficamente de várias maneiras. Mostraremos algumas classificações que o desenho tem de acordo com sua forma de representação:

 Desenho artístico: feito à mão livre, sem auxílio de instrumentos, pode ser dividido em:
• desenho de memorização – quando desenhamos algo que não está à nossa vista, representando-o de memória;
• desenho de observação – quando desenhamos algo que está à nossa vista, representando-o como o vemos.
• desenho criativo – quando desenvolvemos o desenho de acordo com nossa criatividade e imaginação.
 Desenho técnico ou desenho projetivo: utiliza recursos da geometria para representar peças, utensílios, construções etc. Os instrumentos necessários nesse tipo de desenho são réguas, compassos, esquadros, gabaritos, etc. É um desenho voltado para produção industrial. Atualmente existem programas de computação gráfica utilizados para fazer desenhos técnicos com extrema precisão e rapidez.
O desenho artístico é produzido através de diversas técnicas, materiais e estilos usando-se principalmente o contraste entre o branco e o preto e suas gradações para efeitos de luz e sombra. Entre eles podemos citar:

 Desenho a lápis preto ou grafite: feito de um mineral chamado grafita, sendo o principal instrumento usado atualmente para se fazer um desenho, podendo ter diferentes tipos para cada finalidade específica: fino e duro para esboços, médio e macio para traços e contornos, grosso e áspero para sombreamento etc.
 Desenho a bico-de-pena ou nanquim: desenho ou técnica de desenhar em que é usada uma caneta especial com pena (ponta) metálica e nanquim (tinta de origem chinesa, geralmente preta). Os trabalhos podem ser executados usando linhas com traços pequenos ou pontos variando a espessura, traçados e espaços entre eles.
 Desenho a carvão vegetal: para trabalhos em arte são apresentados na forma de bastões, obtido pela queima de ramos de videira ou vime, é muito utilizado para se obter interessantes efeitos de luz e sombras. Também conhecido como fusain.
(Colocar exemplos e ilustrações
dessas técnicas e materiais).

o Pintura:
Assim como o desenho, a pintura é uma maneira de representar artisticamente nossa interpretação pessoal do mundo real e imaginário, transmitindo e expressando nossas idéias e sentimentos. Na pintura também fazemos uso de diversos materiais, técnicas e estilos criando múltiplas possibilidades de composições plásticas. Enquanto no desenho o principal contraste é causado entre o branco e preto, na pintura a atração visual está no uso das cores. No princípio, eram utilizados tons pretos, como do carvão, brancos, do gesso e amarelados, marrons e esverdeados da terra. Com o tempo foram surgindo outros pigmentos dando origem às aplicações em roxos, azuis, vermelhos etc. A pintura então pode ser conceituada como a aplicação de tintas sobre uma superfície, geralmente plana, através de um pincel ou outro instrumento sobre um suporte (tela, por exemplo) representando figuras conhecidas ou imaginárias, tendo a cor como elemento básico. Ao longo da História da Arte encontraremos inúmeras formas e estilos de se pintar, desde a pintura rupestre – feita nas cavernas pelos homens pré-históricos – até a pintura moderna – com a imagem reduzida aos seus elementos básicos num nível abstrato. Veremos algumas das principais técnicas, materiais e estilos de como a pintura pode ser produzida.

 Pintura com as mãos: provavelmente os primeiros instrumentos utilizados para realizar pinturas, junto com bastões de madeira, ossos, penas de ave e pêlos aplicadas em diferentes suportes – paredes de caverna, pedras, peles de animais ou no próprio corpo das pessoas. As tintas são obtidas com pigmentos naturais de origem animal, transformados em pó e misturados com água, óleos, gordura e até sangue. Com este tipo de pintura o ser humano despertou sua criatividade ao criar imagens com significados para um grupo social. Este tipo de pintura pode ser observada na arte rupestre, na arte indígena – que no Brasil é riquíssima e diversificada em estilos – ou em trabalhos modernos que resgatam este tipo de trabalho.

 Pintura aguada: técnica em que se obtém uma textura que mostra, claramente, a diluição da tinta em água, criando efeitos de cores lavadas. O papel é previamente umedecido para facilitar a execução da pintura. Podem ser utilizadas tintas como o nanquim, ecoline, anilina, aquarela ou outras tintas que possuem a característica da tranparência.

 Pintura a guache: tinta opaca composta de substâncias corantes diluídas em água, onde se adicionam goma e mel, para torná-la pastosa. Seu uso é muito antigo e até mesmo anterior à pintura a óleo. É uma das técnicas mais comuns e fáceis de se utilizar em meios escolares.

 Pintura a pastel: é um tipo de bastão colorido, usado tanto no desenho quanto na pintura, que tem como principal característica a obtenção de efeitos delicados e suaves, com luminosidade e textura aveludada. De acordo com sua manipulação, podem-se conseguir linhas, manchas e efeitos diversos, através de esfuminhos, pincéis umedecidos em solvente, raspagem com lâminas etc.

 Pintura a aquarela: técnica e material que requer habilidade e precisão na execução e geralmente não permite retoques. As cores são diluídas em água e aplicadas com pincel sobre papéis de diferentes texturas, previamente umedecidos. A característica fundamental da aquarela é que a intensidade das cores é reduzida acrescentando-se apenas água (nunca a tinta branca), razão pela qual, com essa técnica, obtém-se suaves transparências.

 Pintura a óleo: uma das técnicas mais tradicionais em arte, embora muitas inovações tenham surgido desde o seu aparecimento até hoje. São vários os instrumentos e suportes e técnicas de aplicação do óleo em pintura. Usa-se pincel, espátula, rolo e outras ferramentas para aplicar a tinta sobre suportes como tela, madeira, papelão, parede, entre outros. O óleo fornece uma rica variedade de cores, flexibilidade na aplicação e a qualidade expressiva como material de pintura possibilitam a obtenção de efeitos bastante diversificados.


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Ana Felix Garjan - Pesquisadora em Arte
Artforum Renaissance Vie Universelle
www.cidadeartesdomundo.com.br
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Mundo, 6 de agosto de 2008 - séc. XXI

O Bureau d'Art e Poesia by Ana Garjan foi iniado em março de 2008, no MÊS INTERNACIONAL DA MULHER, que teve uma programação promovida pelos Grupos Artforum Mundi Planet & Artforum Brasi XXI. Houve a participação de poetisas e artistas plásticas. Seus poemas, pinturas e textos foram publicados no Fórum Internacional de Mulheres do Futuro pela Paz do Planeta.
Fórum: http://forumdemulheresdofuturo.zip.net

No mês de março, dia 27 abrimos o blog Academia de Artes e Poéticas Clarice Lispector, como resultado de projetos e roteiros de Ana Felix Garjan. Foi organizado o Fórum Internacional de Mulheres do Futuro pela Paz do Planeta e posteriormente o blog Academia de Artes e Poéticas "Clarice Lispector". Mas somente no dia 3 de agosto de 2008 a Academia foi reaberta para as novas postagens do Blog Academia de Artes e Poéticas Clarice Lispector, para a divulgação de imagens, poemas, fotos e textos sobre Clarice Lispector, por escritoras e poetas convidadas a participar dessa Academia Cultural.

Visite: http://cidadeartesdomundo.blogspot.com

Mundo, 6 de agosto de 2008

Ana Felix Garjan
Bureau d' Arte e Poesia
Artforum Renaissance Vie Universelle

Bureau D'Art, Ana Felix Deva Garjan
www.artforumunifuturobrasil.org
...

O mundo pode ser melhor

ARTFORUM *TIBET*:

Mundo, 04/03/2008 - Planeta & Paz
Homenagem à Ingrid Betancourt

... Por conta das pobres mulheres...
maltratadas e violentadas até a morte...

"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada"
(DA) Cantada por Ney Matrogrosso

Abraço de paz e esperança,
Ana Felix Garjan - *Artforum Mundi Planet

VISITE E CONHEÇA:

*Fórum Internacional de Mulheres do Futuro,
e leia:

*Poema de Concha Rousia *, pelo FREE TIBET.
.
*Matérias favor da libertação com vida de
Ingrid Betancourt, que padece a mão das Farc
.
*Homenagem à menina morta Izabella
.
Exposições de Fractais de Fátima Queiroz
.
Matéria sobre o Dia Mundial da Água
.
Matérias sobre o mês político da Mulher
.
Dia Internacional da Mulher
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Inauguração do blog: Dia 01 de Março de 2008
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Visite o Fórum das Artes e Culturas do Mundo:
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Espaço de Artes, Poesia e Exposições da poetisa e artista plástica Ana Felix Deva Garjan, da ARTFORUM BRASIL. "Na tarde lilás fez-se azul profundo, no início e final daquele belo e raro amor. Os raios azuis da noite de sinfonias tocadas para a lua de prata, descobriram a estrela que acendeu as luzes da cidade, antes do amanhecer, quando o amor azul chegou pelo mar, naquele barco de sonhos. Acordei para ver a dança do sol no meu corpo-alma". Meu endereço: Moinho dos Sonhos Azuis.